Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente,
no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada,
olhando as rosas,e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade(Coração do dia)
quinta-feira, outubro 18, 2007
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2 comentários:
Eugénio de Andrade... e está tudo dito!
Gostei do poema!
beijo grande madrinha!!
Maria Bânia... Sabes que eu gosto muito de canções :-D mas n deixo de dar conta de ti... Aliás há muitas q me recordam a tua pessoa... Sabes isso!!! ;-)
Não estou sozinha não... Contigo não...
Merci!!! ;-)
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